Nos últimos anos, a cultura de trabalho conhecida como 996, que se refere a uma jornada de trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana, ganhou destaque em vários setores ao redor do mundo. Originalmente associada ao setor de tecnologia chinês, a tendência questionável encontrou espaço em startups brasileiras que buscam se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

O termo '996 bet' é frequentemente utilizado para descrever a aposta que empresas fazem ao adotar esse regime, com a expectativa de resultados rápidos e significativos. No entanto, em 2025, enquanto algumas startups relatam crescimento acelerado e maior inovação, outras enfrentam críticas devido ao impacto negativo sobre a saúde mental e o bem-estar dos seus colaboradores.

Um relatório recente da Associação Brasileira de Startups revela que mais de 40% das jovens empresas no setor de tecnologia adotaram práticas de trabalho intensivas similares ao 996. Ainda assim, o mesmo relatório destaca que a taxa de turnover nestas startups aumentou 30% em comparação com as que mantêm práticas de trabalho tradicionais.

A justificativa por trás desse regime frequentemente aborda a pressão por inovação rápida e o desejo de atrair investidores, especialmente em um momento em que a economia digital global está em plena expansão. No entanto, especialistas em recursos humanos alertam que, a longo prazo, essa abordagem pode ser insustentável, afetando não apenas a saúde dos colaboradores mas também a reputação da empresa.

Além disso, a legislação trabalhista no Brasil se apresenta como um desafio para a implementação total do sistema 996, uma vez que requer flexibilidade na interpretação das horas de trabalho máximo permitidas por lei. Muitas empresas operam em uma zona cinzenta, o que potencialmente coloca em risco sua conformidade legal.

A adoção do 996 expõe uma dicotomia na economia digital atual: o balanço entre alcançar metas ambiciosas e o cuidado com o capital humano. As startups brasileiras enfrentam a tarefa de encontrar o equilíbrio adequado para sustentar não apenas o crescimento econômico, mas também um ambiente de trabalho saudável e legalmente conforme.

Com eventos recentes, como a introdução de políticas de trabalho remoto em diversas startups devido a demandas de qualidade de vida, o futuro do 996 no Brasil continua em discussão acesa. O acompanhamento das tendências de mercado e das mudanças regulatórias será crucial para determinar se o '996 bet' continuará a ser um modelo viável e desejado.